Coletivo de grupos e criadores independentes das artes cênicas em Recife, Pernambuco. Nasceu da necessidade de diálogo entre os artistas sobre as linguagens cênicas, buscando a manutenção dos trabalhos de pesquisa e investigação teatral.

Em encontros semanais são realizadas vivências práticas e teóricas sobre a reflexão e o questionamento do fazer teatral contemporâneo em seus aspectos poéticos, estéticos e políticos.

Traga sua experiência também!

Encontros semanais

TODAS AS TERÇAS, ÀS 19H!
No Espaço Compassos
Rua da Moeda, 93, 1º andar, Bairro do Recife. (Entrada pela Rua Mariz de Barros – casa rosa com janelas amarelas)

Como participar:

1º passo: Procure um dos membros das Comissões através do email: colaborativopermanencia@gmail.com;

2º passo: Apareça para conhecer as atividades do coletivo, nos encontros semanais das terças-feiras.

18 de mar. de 2010

CIA. SANTA-FOGO 2010- 07 ANOS

Cia. Santa-Fogo completou ontem, dia 16 de Março, seus 07 (sete) anos de existência. Compartilhamos com todo mundo esse momento que para nós é de alegria serena, pois sabemos que escolhemos um caminho longe do imediatismo e das forças que regem a mercadologia.

E para marcarmos uma nova fase da companhia, anunciamos a preparação de nosso novo espetáculo O HOMEM DA CABEÇA DE PAPELÃO, com estréia para o mês de Julho, no Teatro Hermilo Borba Filho, sala Beto Diniz. Aos Sábados e Domingos. E ainda para este 2010, o oferecimento de uma oficina de corpo e voz, um debate sobre o teatro contemporâneo recifense e a volta do monólogo EU, MEDEIA.

Agradecemos a todos que sempre nos incentivaram a nos manter nessa desafiadora trilha. Aos nossos companheiros e colaboradores nos trabalhos musicais, teatrais, de dança, vídeo, artes plásticas e visuais, muito obrigado!

A Calixto Neto, Eli Maria, Ana Diniz, Valéria Pimentel, Adriana Millet, Carlos Amarelo, Gabriela Apolônio, Eduardo Buarque (Dudu), Guitinho, Douglas, pelas suas marcantes passagens, ao coco RAIZES DE ARCOVERDE, Jorginho de Paula, Marcos Rodrigues, Mauricio Cano, Rauny Okuda, Kleber Lourenço, Val Lima, Vivi Bezerra, Leda Santos, Carol Seabra, Shima, Jorge Clésio, Labô espetáculo (Virgínia e Murilo), Júlio Morais, Hugo Linns, Marcelo Sena, Deneil Laranjeira, Valéria Vicente, Adriano Araújo, Sebastião Simão Filho, Raimundo Branco (Cia. Compassos), Adriano Sargaço, Mônica Lira e Grupo Experimental, Grupo Grial, Maria Paula Costa Rêgo, Ao Colaborativo Permanência, Givago Amaro (pelo socorro providencial), Leidson Ferraz, Wellington Junior, Tatiana Meira (Diário de Pernambuco), Fabiana Morais (Jornal do Comercio), Pedro Vilela, Marco Bonachela (Zig), Pedro (Vetor Cultural), Michele Panella (Teatro Della Limonaia – Florença/ Itália), Beatriz Olabarrieta, Centro Apolo-Hermilo, Canal Capibaribe, Vavá Coutinho e às nossas famílias.
Deixamos um abraço cheio de saudades na amiga Rosália Albuquerque (in memoriam), a eterna Rosinha.

14 de mar. de 2010

EDITAL DO RUMOS TEATRO ESTÁ LANÇADO!

REGULAMENTO
Programa Rumos Itaú Cultural Teatro – 1ª edição 2010-2012

Objetivo
O Rumos Itaú Cultural Teatro, em sua primeira edição (2010-2012), tem como finalidade promover intercâmbios entre teatros de grupo* em todas as regiões do Brasil, incentivando o convívio, a troca e o compartilhamento de formas coletivas de criação, contribuindo para seu amadurecimento, formação e articulação no cenário cultural brasileiro.
* Teatro de grupo compreendido como comunidade ou coletivo artístico empenhado num mesmo projeto de caráter investigativo com práticas de pesquisa continuada. O teatro de grupo difere do teatro comercial, empresarial ou institucional.

1. INSCRIÇÕES
1.1 O período de inscrições para a seleção do Programa Rumos Itaú Cultural Teatro 2010-2012 irá de 3 de março a 30 de junho de 2010.
1.2 As inscrições estão abertas a grupos de teatro brasileiros, constituídos como pessoas jurídicas ou não.
1.3 Poderão participar criadores brasileiros – natos ou naturalizados – e estrangeiros cuja carreira artística tenha se desenvolvido no Brasil, habilitados a formalizar contratos com o Itaú Cultural e com residência fixa no país há mais de 3 (três) anos.
1.4 Cada inscrição deverá ser realizada obrigatoriamente por dois grupos proponentes, os quais devem apresentar a descrição de uma única proposta conjunta de desenvolvimento, seja de práticas de criação, de formação, de pesquisa histórica ou de sistematização de um processo de pesquisa já iniciado e até mesmo concluído.
1.5 Não há limite quanto ao número de pessoas participantes nos grupos de teatro, mas, ao efetuar a inscrição, um representante de cada grupo (maior de 18 anos) deverá constar como responsável pela inscrição e será identificado como proponente. Os demais integrantes serão denominados participantes.
1.6 As inscrições são gratuitas e poderão ser efetuadas somente pela internet, exclusivamente no site do Itaú Cultural, no endereço, www.itaucultural.org.br.
1.7 Ao acessar o site, o interessado encontrará um formulário de inscrição que deverá ser integralmente preenchido.
1.8 Concluído o preenchimento do formulário e finalizado esse processo, a inscrição será automaticamente confirmada na tela e será gerado um código alfanumérico de inscrição que será enviado ao e-mail fornecido pelo interessado e deverá ser utilizado, de modo visível, em todo material enviado. A ficha de inscrição deverá ser impressa e enviada junto com os demais materiais solicitados neste Regulamento.
1.9 Como fonte de pesquisa para o Observatório Cultural mantido pela instituição, junto ao formulário de inscrição, haverá um questionário sobre o perfil dos inscritos, de preenchimento obrigatório. A Comissão de Seleção não terá acesso aos dados informados no questionário, cujo conteúdo não será quesito para seleção, destinando-se unicamente ao uso exclusivo dos profissionais do Observatório Itaú Cultural para a elaboração de pesquisas quantitativas sobre o perfil dos inscritos no Programa Rumos (veja a pesquisa anterior em www.itaucultural.org.br/observatorio.

2. PARTICIPAÇÃO
2.1 O programa destina-se a grupos profissionais com atividades continuadas de pesquisa e produção há no mínimo 4 (quatro) anos.
2.2 Caso a proposta seja resultante de um projeto de pesquisa em andamento, a inscrição será aceita desde que a proposta corresponda a um novo estágio da pesquisa. Nesse caso, a descrição da pesquisa proposta deverá conter o histórico já realizado e a necessidade de continuidade.
2.3 Durante o semestre da pesquisa os dois grupos deverão manter um blog conjunto com o objetivo de mostrar a construção e o contexto de sua investigação: descrição de procedimentos, modos de organização, desenvolvimento, escolhas, questões, métodos, para documentar o processo.
2.4 Só é permitida uma única inscrição por grupo teatral. Inscrições adicionais feitas pelos mesmos grupos serão impugnadas.
2.5 Os candidatos poderão se inscrever em outras seleções relacionadas ao Programa Rumos Itaú Cultural que estejam em período de inscrições, desde que com trabalho(s) diferente(s) do inscrito em Rumos Teatro.

3. IMPEDIMENTOS
3.1 É vedada a participação de:
• Funcionários e estagiários do Itaú Cultural e seus parentes (cônjuges, companheiros, parentes até terceiro grau, afins e dependentes);
• Ex-funcionários e ex-estagiários do Itaú Cultural com menos de 1 (um) ano de desligamento a contar da data de publicação deste Regulamento: 3 de março de 2010;
• Funcionários e estagiários do Itaú Unibanco Banco Múltiplo S.A.;
• Terceirizados residentes do Itaú Cultural com contratos vigentes durante o período de inscrições;
• Integrantes da Comissão Julgadora e seus parentes (cônjuges, companheiros, parentes até terceiro grau, afins e dependentes);
• Pessoas contratadas (físicas ou jurídicas) para a realização do Programa Rumos Teatro.
Inscrições de pessoas impedidas serão invalidadas em qualquer fase da seleção

4. REMESSA DOS MATERIAIS
4.1 Para participar da seleção, o material solicitado abaixo deverá ser remetido pelo correio identificado com o nome dos proponentes e com o código de inscrição recebido pela internet, de forma legível e destacada.
• Portfólio dos grupos contendo histórico de atuação: críticas (se houver), material de imprensa, patrocínio ou apoio já recebido, programas ou cartazes que especifiquem as datas de apresentação e/ou outros documentos que comprovem a ação de trabalho continuado por no mínimo 4 (quatro) anos e informem sobre o perfil do grupo.
O material dos dois grupos deverá ser encaminhado numa mesma remessa, visto que há apenas um número de inscrição.
Endereçar para:
INSTITUTO ITAÚ CULTURAL
A/C Rumos Itaú Cultural Teatro 2010-2012
Av. Paulista, 149 – 6º andar
Cerqueira César – CEP 01311-000
São Paulo – SP
O envelope deverá ser registrado e com Aviso de Recebimento – AR, ou Sedex, com data-limite de postagem até 01 de julho de 2010.
Não serão aceitas correspondências postadas após essa data. Também não serão admitidos materiais ou correspondências enviados pela internet ou entregues diretamente na sede do Itaú Cultural.
A ausência de qualquer documentação solicitada neste Regulamento desclassifica automaticamente o trabalho.
Os materiais enviados para inscrição não serão devolvidos sob qualquer hipótese.

5. COMISSÃO DE SELEÇÃO
5.1 A seleção dos grupos de teatro contemplados é de responsabilidade exclusiva da Comissão de Seleção, que será composta de até 7 (sete) profissionais de reconhecida atuação na área teatral das cinco regiões brasileiras.
5.2 A Comissão de Seleção é autônoma e suas decisões são soberanas, não sendo passíveis de questionamentos e recursos.
• Um representante do Itaú Cultural acompanha todo o processo de seleção, contudo só tem poder de voto ou poder de decisão no caso de empates.
5.3 A seleção dos projetos será realizada até 30 de setembro de 2010.
5.4 O resultado da seleção será comunicado aos contemplados por telefone e/ou e-mail em outubro de 2010. Também serão divulgados pela imprensa e pela internet, no site www.itaucultural.org.br.
6. CONTEMPLADOS
Serão contempladas até 10 (dez) propostas de compartilhamento de práticas criativas entre grupos de teatro (20 grupos).
4/5
6.1 Os grupos contemplados receberão:
a) Para propostas de compartilhamento de práticas entre 2 (dois) grupos da mesma cidade: apoio financeiro de R$ 20.000,00 para cada grupo do mesmo projeto (total por proposta R$ 40.000,00).
b) Para propostas de compartilhamento de práticas entre 2 (dois) grupos de cidades diferentes da mesma região ou de intercâmbio entre cidades das regiões Sul e Sudeste e das regiões Sudeste e Centro-oeste: apoio financeiro de R$ 28.000,00 para cada grupo do mesmo projeto (total por proposta R$ 56.000,00).
c) Para propostas de compartilhamento de práticas entre 2 (dois) grupos de cidades diferentes entre as regiões Norte e Norte; Sul e Nordeste; Sul e Centro-oeste e Nordeste e Sudeste: apoio financeiro de R$ 36.000,00 para cada grupo do mesmo projeto (total por proposta R$ 72.000,00).
d) Para propostas de compartilhamento de práticas entre 2 (dois) grupos de cidades distintos das seguintes regiões Sul e Norte, Sudeste e Norte, Centro-oeste e Norte, Nordeste e Norte e Nordeste e Centro-oeste: apoio financeiro de R$ 44.000,00 para cada grupo do mesmo projeto (total por proposta R$ 88.000,00).
6.2 Com relação aos valores estipulados neste Regulamento, estes poderão sofrer eventual tributação conforme legislação vigente quando da época do pagamento do apoio financeiro aos contemplados. Inexistindo tributação incidente, os valores pagos serão líquidos.
6.3 As diferenças dos valores dos apoios devem-se às diferenças dos valores das passagens áreas.
6.4 Os valores indicados acima representam a integralidade do aporte financeiro. O apoio será pago em duas parcelas, sendo a primeira em 2010 e a segunda em 2011.
6.5 Os apoios financeiros são intransferíveis e outorgados unicamente aos contemplados e não poderão ser substituídos por qualquer outra forma de contemplação diversa da estabelecida neste Regulamento.
6.6 Fica desde já estabelecido que os valores de apoio financeiro previstos neste edital serão recebidos pelos proponentes dos projetos contemplados, que ficarão responsáveis – na hipótese de outros participantes – por acordar eventual repasse de valores aos demais envolvidos.
6.7 Não haverá prestação de contas dos valores aportados. As exigências de contrapartida são:
a) Manutenção de um blog, por um período mínimo de 6 meses;
b) Realização de, no mínimo, dois encontros presenciais entre os grupos envolvidos no projeto;
c) Apresentação dos resultados das pesquisas em mostra a ser realizada em 2011, provavelmente na sede do Itaú Cultural. Trata-se da demonstração do processo de construção da pesquisa, explicitando os procedimentos e a fase em que o processo se encontra. Na ocasião, o Itaú Cultural subsidiará passagens e hospedagens para os residentes fora de São Paulo.
6.8 Por ocasião da divulgação dos resultados, os selecionados serão informados das condições para o recebimento do apoio financeiro.

7. DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
7.1 Divulgação do Programa

Caso selecionados, os participantes contemplados, desde já, autorizam o Itaú Cultural a registrar e utilizar suas imagens e currículos, para exibição em mídia impressa e eletrônica, em materiais institucionais e internet, exclusivamente para a divulgação do Programa Rumos.
A utilização ora prevista não tem limitação temporal ou numérica e é válida para o Brasil e exterior, sem que seja devida nenhuma remuneração, a qualquer título.
O Itaú Cultural poderá divulgar todas as etapas deste Programa através de qualquer mídia, inclusive internet.
7.2 Contrato
Todo e qualquer inscrito – caso selecionado – fica ciente e assume o compromisso perante o Itaú Cultural de formalizar os termos contratuais necessários para que o Instituto possa empreender todas as ações previstas neste Programa, sob pena de ser excluído dele. Por isso, solicitamos a leitura atenta deste item.
Caso selecionados, os proponentes dos grupos ficam cientes da obrigatoriedade de firmar com o Itaú Cultural um Contrato de Apoio Financeiro e Licenciamento de Obra Intelectual (não exclusivo), sob pena de desclassificação.
A assinatura dos contratos exigirá a apresentação prévia dos seguintes documentos (cópias simples): RG, CPF, comprovante de residência e inscrição no INSS (ou PIS/Pasep).
Por nenhuma outra forma – que não o contrato acima referido – o contemplado poderá receber o apoio financeiro, sob pena de desclassificação.
Por meio do referido contrato, o Itaú Cultural assegurará para si direitos – não exclusivos – de utilização, distribuição e difusão das pesquisas (em seus formatos finalizados) em mídias, meios, suportes e modalidades diversas, sem fins comerciais.
7.3 Obras de Terceiros
Os selecionados serão responsáveis pela obtenção de toda e qualquer autorização, licenciamento ou cessão de direitos que se verifiquem necessários caso estejam presentes obras de terceiros (textos, trilhas sonoras, dados etc.) nas pesquisas em seus formatos finalizados.
O contemplado responderá, de forma exclusiva e integral, por eventuais reclamações, questionamentos, acusações ou alegações de plágio ou violação a direitos autorais, conexos, patrimoniais, de propriedade industrial, de titularidade de terceiros, entre outros, inclusive pela omissão de informações.

8. OUTRAS INFORMAÇÕES
O Itaú Cultural não se responsabiliza pelo recebimento de materiais originais ou exemplares únicos.
Questões não previstas no presente Regulamento serão avaliadas e decididas sob exclusivo critério da Comissão de Seleção do Rumos Teatro 2010-2012.
Dúvidas podem ser esclarecidas pelo e-mail rumosteatro@itaucultural.org.br.
O ato de inscrição implica automática e plena concordância com os termos deste Regulamento.

PRÓXIMO ATO






Um Encontro Possível

A vivência de cinco dias entre representantes de grupos de todo o Brasil, no projeto PRÓXIMO ATO, do Instituto Itaú Cultural, realizado de 03 a 07 de novembro, do ano de 2009, parece ter evidenciado a importância de uma busca urgente por melhores e mais eficientes formas de convívio e vínculos, por investimentos para as criações artísticas e por um público que possa valorizá-las, justificando-as cotidianamente como uma necessidade.

Seriam essas questões unidades básicas para a significação da atividade teatral e suas inúmeras ramificações na economia da cultura? E ao se tomar conhecimento das experiências particulares de cada estado da federação, prova-se que não há ainda uma maneira comum de se lidar com ela, sem uma política cultural nacional, principalmente quando se sabe que a lei Rouanet, principal mecanismo do governo federal de incentivo à cultura, nem serve a todos de forma igualitária, visto que a região sudeste detém a maioria dos investimentos e que o Norte do país não lança mão desses, por possuir áreas onde ocorre a isenção fiscal para as empresas (as zonas francas). Sem falar dos módulos de financiamento dispostos em alguns editais (como o Prêmio Myriam Muniz de Teatro 2009) que privou o Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Amazonas, Pará e Tocantins de executarem projetos artísticos de mais de 80 mil reais, quase que acusando os produtores locais de alguma possibilidade de ingerência dessas verbas e não levando em consideração o chamado custo amazônico (que compreende os altos preços das passagens aéreas entre os estados da região), as particularidades do deslocamento fluvial, as distâncias entre as cidades e de outras limitações impostas por partes das companhias de viação aérea, de levarem os materiais de cena em seus compartimentos.


Muito diversas são as falas, os sotaques e a maneira como são defendidas estas ou aquelas causas por parte dos agentes culturais de cada região. É sabido que as queixas do Sul diferencem-se das do Nordeste, do Centro-oeste e assim por diante, dado seus momentos históricos, sociais, políticos e econômicos. O sonho de ser beneficiado pela já citada lei Rouanet e de ter participado da extinta Redemoinho (um dos movimentos que tiveram maior eco na opinião pública e perante o governo) fica e ficava ainda mais longe de alguns do que de outros, por centenas de motivos. Seria mais que previsível que ao se encontrarem as inúmeras realidades se estranhassem por não possuírem um diálogo corrente. Daí nasce a necessidade de o governo brasileiro, se quer mesmo possuir uma cultura teatral “potente” (palavra tão usada durante todo encontro), tem de promover anualmente um Fórum Nacional, onde cada unidade federativa exponha suas especificidades produtivas e culturais e que se possa então pensar em iniciativas de fomento artístico. A proposta foi lançada e se configurará em documento endereçado ao Ministério da Cultura e a FUNARTE como uma alternativa viável, paramentando-se na experiência do PRÓXIMO ATO. O nome da ação será I CONFERÊNCIA NACIONAL DE TEATRO LIVRE, ou ainda, LIVRE CONFERÊNCIA NACIONAL DE TEATRO.

Ações e Relações

Com vista a tudo que foi dito e ouvido nas palestras, na prática performática de Eleonora Fabião e nos Open Spaces (espaços abertos para a discussão de temas), ficam como ponto de questionamento as relações que firmamos entre o poder e o nosso imaginário. Será que não estamos construindo muros inquebráveis, intransponíveis a nossa frente? Será que devemos sucumbir a uma Utopia de Coletividade e não tornarmo-nos seres-artistas mais dinâmico dentre das esferas públicas e privadas, mesmo que independentemente, exercendo o mais importante poder dado a quem habita a Pólis, que é o da cidadania?

Parece que já estamos a apontar para um outro momento da nossa história. O que o Nicholàs Boudriaud (Francês palestrante no evento) chama de Estética Relacional instaura uma relação entre o precário e sua função de desestabilizar as impressões de um poder imutável que nos são impostas. Isso talvez não tenha a ver apenas com um marxismo aparente, mas tenha muito do mais íntimo propósito de empoderamento estético e poético. Artistas em diálogo com o publico, desprezando a exaltação da passividade contemplativa. E para ambas as partes, jamais estáticas à obra e sem nenhum vestígio de uma relação subordinada. O compartilhamento de pensamentos vivos!

O casamento entre as práticas de Nicholàs Bourdriaud e da performer Eleonora Fabião (Brasil) soou como a grande diretriz reflexiva do PRÓXIMO ATO, sendo enriquecidas pelos encontros entre os teóricos Thies Lehmann (Alemanha) e Paulo Arantes (Brasil), que discursaram acerca das políticas da subjetividade e do pós-dramático. Na oficina de Eleonora Fabião, apostando no poder da junção entre performance com o teatro, sendo simples e muito focada na sua condução, repassa a sistemática de um corpo performático e suas incumbências dentro do espaço urbano em atitude de intervenção. A todo instante, a ministrante colocava-se perante 78 participantes de maneira muito acertada, seja conceitualmente, seja delegando afazeres e enunciados, qualificando corporalmente e mentalmente o pensamento sobre o instante que se faz no agora, no aqui com o que se tem à mão, validando o encontro e o ato em si. Essa força moveu todo o percurso da oficina. Eleonora mostra que a dramaturgia pode ser tratada de maneira móvel, apoiando-se em conceitos de Eugênio Barba, diz que tudo o quê acontece em cena pertence a uma seara dramatúrgica. Nem só de palavras vive o teatro! E aponta para uma suave preocupação: Ao invés de se buscar formas de fazer, perseguir tendências por onde fazer!


O Lado Público da Arte


Tem-se público considerável para esse diálogo? Ou será que se lida com uma numerosa massa populacional mutilada, incapaz de entender nossas proposições cênicas? Isso interessa verdadeiramente para ela? Talvez ainda se fará arte para poucos até que se resolva o problema da desinformação e do desconhecimento no Brasil? O público, para efetivar-se na transformação total e mais uma vez “potente”, nascerá juntamente da implantação dos sistemas de educação e segurança, que por sua vez gerará um exército de homens e mulheres bem situados social e politicamente, para daí então surgir uma necessidade de “consumir” arte, possuindo a instrumentalização intelectual para codificar e recodificar a informação recebida pelas propostas artísticas que lhes forem apresentadas.

Por agora pergunto: será que não se está exigindo etiqueta à mesa para uma maioria que ainda tem fome de pão e água? Como esperar que se comportem bem uma multidão de famintos em frente a um suposto suflê?

Inserção das artes cênicas nas grades curriculares das escolas, apresentando-as como bem cultural da nação, assim como importante ramo da economia nacional, por gerar e movimentar divisas para o país e posicioná-lo mundialmente é um fundamento básico para a construção de novos parâmetros sociais, onde se valorize o trabalho de toda uma classe profissional e abra a possibilidade de consumo e assimilação do produto artístico como uma prioridade na vida privada de futuros cidadãos.

Um evento do porte do PRÓXIMO ATO teve a sua tarefa cumprida. Durante três anos a equipe construiu uma relação estreita com os grupos de cada região. Ainda que de maneira pincelada, pois não abarcou a totalidade dos artistas de cada estado, a atitude o Instituto Itaú Cultural proporcionou o contato aprofundado com os que integraram as atividades, configurando-se num ambiente profícuo para desenvolvimento de relações estreitas entre artistas, teóricos e produtores.

O que fica é a elaboração de um edital específico para o teatro, complementando as ações de patrocínio cultural da instituição, que até então já contemplava a dança, a música, as artes visuais, a literatura, arte e tecnologia, pesquisa, cinema e vídeo, educação e jornalismo cultural. O edital Rumos - Teatro do Itaú Cultural será lançado aproximadamente em março de 2010, incentivando a investigação entre grupos de pesquisa continuada.

Realidade em Pernambuco: Luzes e Sombras dentro e fora da cena

Quando estamos longe de nossa morada, no meu caso, o estado de Pernambuco, tudo parece que vai clareando e somos capazes de refletir determinadas características que imersos em nosso cotidiano fica difícil de perceber. O que se segue é o início de uma observação que pretendo estender posteriormente numa análise mais aprofundada do ambiente teatral pernambucano no ano 2000, focando nas movimentação cultural da cidade do Recife, para onde acabam se encaminhando muitas das produções de outras cidades.

A partir de suas matrizes culturais e uma tradição literária fortíssima, Pernambuco foi construindo a sua dramaturgia e a sua cena teatral. Dessa herança nasceram nomes importantes que ainda hoje figuram entre os maiores do teatro brasileiro.

Traçando um paralelo da produção pernambucana com a produção nacional, nos anos 2000, notamos uma perpetuação hegemônica da palavra no contexto cênico. Ainda são raras e pouco incentivadas as experiências onde o conteúdo verbal não esteja posto a frente. Esse tipo de valorização deu vazão a uma experiência que não aprofundaria o contato do ator com o seu corpo dramatúrgico. Um corpo falante independente da palavra dita na boca!

Para comungar com o mais pungente pensamento teatral contemporâneo, os artistas pernambucanos devem encontrar amparo para investigar caminhos múltiplos que o levem a experienciar com fluidez a sua matéria carnal, seu corpo e sua voz, como partes integrantes do discurso. Com isso posto em prática, quaisquer textos (a noção de texto aqui usada ultrapassa o signo verbal) será libertária e sedimentará novos horizontes artísticos, sintonizando o estado de Pernambuco nas discussões acerca das novas dramaturgias e metodologias para treinamentos de ator.

O incentivo propício para esse tipo de experiência deve vir da parte das comissões julgadoras dos editais locais de incentivo à cultura, priorizando um olhar analítico que vá além da atenção prioritária voltada aos textos escritos previamente. Deve-se entender, por exemplo, que um texto poder ser escrito durante o processo de montagem e que um texto clássico pode ser fragmentado e reconsiderado de acordo com o ponto de vista do criador da cena.

Percebe-se uma falta de traquejo de alguns atores e diretores pernambucanos, quando se vêem sem o suporte textual em mãos. A sensação, por falta de uma técnica de encaminhamentos para esse tipo de trabalho, é de total vazio e abandono, quando isso deveria ser exatamente o oposto, ou seja, um ponto de estímulo: a edificação de uma estrutura autoral.

Os desacertos são frutos de um histórico que supervalorizou as experiências de leitura de mesa e ensaios, cujas trajetórias e emoções dos atores já vinham marcadas. Esses resquícios marcam os nossos dias até hoje. Um tipo de prática, a qual não converge para o diálogo com outras cenas teatrais Brasil a fora e de fora do Brasil.

É preciso dar valor devido às outras formas de se construir o espetáculo.

CARLOS FERRERA
Ator/ Cantor, Compositor, Dramaturgo, Diretor/ Encenador, Preparador Corpo-Vocal, Pesquisador e Diretor Artístico da Cia. Santa-Fogo

Atuou como representante de Pernambuco e do Colaborativo Permanência, no Próximo Ato (evento do Instituto Itaú Cultural) em Novembro de 2009.

7 de mar. de 2010

O Minuto e a Cidade - MASP - SP


Olá Pessoas!!!
Depois de participar em 2009 no MASP - SP com o vídeo “Roi – Roi O Movimento do Som” na Exposição 1000 Minutos de 80 Países, que apresentou quase 17 horas de vídeos, compondo um panorama da produção mundial contemporânea de vídeos de curtíssima duração e que foi vista por 42 mil pessoas.
Neste mês de março de 2010, o vídeo “Enquanto isso...” foi selecionado para participar da Mostra O Minuto e a Cidade - Festival do Minuto: A Resposta, exposição do Festival do Minuto que estréia nestes 10 de março no Museu de Arte de São Paulo (MASP).

“Enquanto isso...” foi um dos vídeos premiados no Festival do Minuto 2008, no tema “Acabou a gasolina”. As imagens, música e edição ficaram por conta da pessoa que vos escreve.

A CIDADE
Por que o MASP e o Festival do Minuto propõem o tema 'a cidade'?
“A cidade era uma solução, está virando um problema. E quanto maior a cidade, maiores os problemas. Morar, deslocar-se, trabalhar, sonhar, amar: tudo pode transformar-se em pequenas aventuras, às vezes trágicas”.
(Teixeira Coelho, curador do MASP)

Sobre o Festival do Minuto
O Festival do Minuto foi criado no Brasil, em 1991, e é hoje o maior festival de vídeo da América Latina, tendo inspirado festivais semelhantes em mais de 40 países. A partir do evento brasileiro surgiram Festivais do Minuto em mais de 50 países, cada um com dinâmica e formato próprios. A partir do final de 2007, o Festival do Minuto brasileiro tornou-se permanente e online: passou a receber e exibir vídeos diretamente pela internet.
O Festival do Minuto é uma das marcas culturais mais conhecidas do país e um grande revelador de talentos do audiovisual brasileiro. O acervo do festival inclui vídeos de inúmeros realizadores que hoje são conhecidos no Brasil e no mundo.